Lima, 5 de jul de 2011 às 17:22
O presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, recebeu o pedido de um nascituro para que no dia 28 de julho, quando assumir o cargo, jure também pela vida dos não-nascidos e não ceda às pressões dos que querem despenalizar o crime do aborto no país.
O pedido chegou através de uma carta escrita pelo Arcebispo de Piura (Peru), Dom José Antonio Eguren, no jornal El Comercio no dia 2 de julho, confiando que Humala e todos os peruanos "a leremos com seriedade e a acolheremos para o bem de nossa pátria". A seguir a íntegra da carta:
Querido Ollanta:
Sou uma criança ainda por nascer, quer dizer o menor e mais frágil integrante da família peruana. Eu ainda não voto, mas desde o instante que fui concebido no seio de minha mãe, sou tão peruano como aquele compatriota que sim o fez.
Por isso, quero felicitá-lo por sua eleição como novo presidente de nosso país. Alegrou-me muito saber que junto com sua esposa Nadine você formou uma bonita família com três filhos com nomes quéchuas e aymara: Illary (amanhecer), Nayra (luz em seus olhos) e Samín (que traz paz).
Eu também espero com ilusão o dia de meu nascimento para, como eles, ver o amanhecer e a luz de cada dia e trazer paz e felicidade ao meu lar e a outros.
Sei que o Sr. tem uma grande sensibilidade social e um grande amor pelos pobres. Que quer trabalhar pela justiça, os direitos humanos e a inclusão social. Peço-lhe em meu nome, e em nome de todas as crianças por nascer do Peru, que não nos esqueça.
Dentre todos os pobres, nós somos os mais pobres, porque nem sequer temos voz para nos defendermos. O Sr., como presidente do Peru, seja nossa voz e defesa. Bem sabe que o direito à vida é o direito humano fundamental sem o qual os outros não existiriam.
Alguns, com o desejo de convencê-lo para que o crime do aborto seja aprovado no Peru, vão dizer-lhe que sou apenas uma parte do corpo da minha mamãe e que não sou independente; outros, que meu crescimento não é ordenado e que sou meramente um amontoado amorfo de células que podem ser eliminadas; outros lhe dirão que só começo a existir quando chego ao útero de minha mãe ou quando começa a aparecer meu sistema nervoso.
Não sei se por ignorância ou com má intenção esquecem-se do que hoje afirma unanimemente a ciência: que desde que fui concebido, quer dizer desde que fui uma célula, já era um ser humano, tinha uma relação com o organismo de minha mãe e, portanto, tenho o direito inviolável a viver.
Outros irão dizer-lhe que não devo nascer, porque venho com más formações (acaso só os lindos e sãos têm o direito a nascer e a viver?); ou porque sou produto de um estupro (e acaso eu tenho culpa?); ou porque ponho em risco a vida da minha mãe, quando já não há circunstâncias nas quais se deva optar entre a vida da mãe ou a do filho.
Por favor, não acredite neles. Toda vida humana em qualquer fase ou condição é digna de ser amada em si mesma, é sempre um bem. O aborto é a maior de todas as injustiças e o maior destruidor da paz.
Deu-me muita esperança saber que durante sua campanha você saía freqüentemente na propaganda eleitoral com sua esposa, suas filhas e filho. Houve inclusive um spot que me fez saltar tanto de alegria que dei um chutinho forte na minha mamãe. Sim, era esse da mulher grávida que terminava dizendo: "Eu sou Ângela e marco a O. Viva o Peru, viva meu filho e vivam todos os filhos que vão nascer".
Quando este 28 de julho o Sr. jure como presidente de todos os peruanos, jure também por nós, os nascituros. O capital mais importante de uma nação é seu povo. Assim, verdadeiramente seu formoso lema se tornará realidade: "O Peru ganha".
Com carinho,
Uma criança peruana por nascer.